Em busca de revelações...
Praça das Vitórias
(Place des Victoires)
O nome da praça sugere muita coisa… Me vem à cabeça a
idéia de conquista, triunfo, ganhar de alguém, êxito e vantagem... Por que foi
assim denominada? O que ela representa
na história da capital ? Quando começou a fazer parte do microcosmo que é Paris
? ... E neste largo espaço descoberto para onde convergem várias ruas, afluem
também meus pensamentos e deixo-me levar pelas sensações que este lugar me
revela...
Estive na praça das Vitórias pela primeira vez há
tanto tempo... Era um dia lindo de verão e ela com sua fidalguia pegou-me
desprevinida... Estava meio perdida na cidade e a encontrei... São lembranças
que nem o tempo consegue apagar… Depois descobri que sua história está intrinsicamente
ligada à vida de Luís XIV…
Como ela surgiu ? Nasceu da vontade e respeito do
duque de Feuillade, marques e marechal da França que queria honrar o rei Sol... Apareceu portanto do desejo de
reverenciar alguém...Testemunha de séculos de fatos implicados na evolução da
capital... Ela é o primeiro modelo de uma praça circular na história do
urbanismo clássico francês !
Concebida como um espaço ao ar livre, quando foi
criada, destinava-se a destacar a estátua de um rei, cujas proporções
determinaram a sua área. Para que tivesse efeito, as ruas que para ela
convergiam nunca deveria ser no prolongamento de outra, de modo que a imagem de
Rei separava as fachadas.
Foi consagrada e inaugurada em 1686. Para que a obra
fosse completa, em seu meio surgiu uma estátua do rei de pé sobre um pedestal
de mármore branco, vestida com as roupas de sua coroação, atropelando um
Cérbero. Atrás do rei, a Vitória, com um
pé sobre um globo e outro no ar, tendo numa mão uma coroa de louros sobre a
cabeça do herói e na outra, um ramo de folhas de palmeiras e oliva. No rodapé e
sob os pés do rei, uma inscrição em letras de ouro que diz: “ Viro imortal” (me
torno imortal).
Esta primeira estátua real foi derrubada e destruída
após a revolução de 10 de agosto de 1792 e substituída por uma pirâmide de
madeira. Depois, foi trocada por uma outra e finalmente, foi instalada
definitivamente na praça uma estátua equestre, encomendada por Luís XVIII,
representando o rei Sol vestido de imperador romano à cavalo.
A praça
circular com cerca de 80 m de diâmetro foi construída segundo os desenhos de
Jules Hardouin Mansard. Os edifícios da mesma simetria são decorados com
pilastras iônicas. As seis ruas que convergem em direção à praça parecem
torná-la mais ampla e assim, dão a impressão de que existe mais espaço. As seis
ruas são: rua de la Feuillade, rua Vide Gousset, rua d'Aboukir, rua Étienne Marcel, rua Croix des Petits Champs e rua Catinat.
Hoje, a praça das Vitórias (”place des Victoires”),
tornou-se o lugar predileto de boutiques de alta-costura. Mesmo quando o
tráfego está intenso em toda a cidade, ela é sempre tranquila. A praça é um
daqueles cantos pouco modificados pelo tempo
.
Situada no limite do 1º arrondissement, ela tinha a
exclusiva intenção de enquadrar urbanisticamente uma estátua de Luís XIV. Para
isso foram construídas mansões suntuosas em formas curvadas e definidas seis
ruas organizadas de forma irregular, provavelmente para evitar que a estátua
pudesse ser vista pelas costas. O seu caráter luxuoso vem das empresas
renomadas de moda e em suas ruas estreitas os residentes foram obrigados a
construirem suas casas numa mesma simetria.
O solo do local é tombado como monumento histórico em
1962. As mansões que dão para a praça estão todas listadas ou registradas
também como tal. A Praça foi cenário também de filmes, como por exemplo, o
de Nobuhiro Suwa (realizador, cenarista e autor japonês), no
filme“Paris, eu te amo” (uma história definida em uma viagem de sonho numa
cidade emblemática - Paris, 2006).
Inicialmente
lugar de residências, seus habitantes mais famosos foram o Marquês de Marigny,
o benfeitor e financista Antoine Crozat, o riquíssimo Samuel Bernard, entre
outros... No entanto, ela perdeu a sua "elegância" em 1883, quando foi
cavada a rua Etienne Marcel. Próximo a
ela, podemos descobrir a galeria coberta Vivienne, o Palácio Riche lieu, a
praça da Bolsa, a Biblioteca Nacional e
a Galeria Vero-Dodat .
O belo complexo de edifícios, sob a forma de um anel
de casas particulares para acomodar uma majestosa estátua do Rei triunfante
continua intacto. As fachadas subsistiram conservando seu charme e elegância.
Uma praça tão linda e que parecia estar dormindo...
Mas a Praça das Vitórias recuperou sua reputação como vitrine de moda
parisiense . A área ao redor dela representa um bairro nobre. Estilistas da
moda nela se localizam, como Apostrophe, Sprit, Kenzo, Zadig e Voltaire... Nela
também estão situados o Fórum alemão para história da arte e o Instituto
Nacional francês da história da arte.
Ela complementa um percurso de compras agradável. Além
do Forum des Halles, no sul, a clientela da moda pode chegar lá pegando a rua
Saint-Eustache, rua do Jour ou a de
Montmartre para chegar à rua Etienne-Marcel que possui em cada extremidade a
Praça des Victoires e a rua Montorgueil . Decididamente, o centro da capital
possui a moda “em sua pele” (dans sa peau).
E continuo a sonhar e a tentar descobrir os segredos
que a cidade nos revela... E penso na realização de nossos projetos... Vou mais
longe e reflito sobre as nossas
conquistas... Considero os percursos feitos... E vejo como é importante
também sonhar... E quando o fazemos, é essencial que acreditemos neles...Tudo
são conquistas... Sei o quanto é fundamental para nossas vidas continuar a
sonhar, como sei também que sonhos sem riscos não produzem as reais
conquistas...
Vamos continuar juntos em nossos passeios buscando o que nos revela a bela
dama que é Paris ? A magia da cidade enfeitiça e nos envolve mostrando seus
segredos a quem a procura !