Monumentos onde Paris se revela ....
O “Palais Royal” (Palácio Real)
O Palais Royal |
O que espero saber com a descoberta deste Palácio no
coração de uma cidade que amo tanto ? Sinto que ele ao me revelar o porquê de sua
existência, vai me dar também respostas às tantas indagações que faço... E sigo
o meu intento... E me dou conta de que está ligado intrinsicamente à trajetória
do país e à vida dos reis da França...O que hoje nos revela Paris, encontra-se
situado no 1° Arrondissement (1° Distrito) da capital parisiense !
Estamos no século XVI e com a corte que se instala no Louvre,
consequentemente vêm as construções de numerosos Hotéis (ou Palácios) em um
novo quarteirão que na época ainda, tinha
aspecto de campo... O séc XVII foi a idade do ouro...Uma rede moderna de ruas apareceu, os edifícios clássicos do
reinado suscitam a admiração das pessoas...e com a criação de Richelieu, o
local acaba de ser desenhado sob Mazzarin e Luís XIV...
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Jardins do Palais Royal |
A história do Palácio foi iniciada em 1624, quando o
cardeal de Richelieu (1585-1642) tornou-se secretário de Estado e encomendou à
Lemaire a construção de uma residência para morar perto do Rei, que habitava o
Louvre. No ano seguinte, adquiriu os
terrenos em volta do edifício e só parou de comprar quando morreu. Richilieu
legou à Luís XIII um quarteirão estruturado por uma porta de cidade, um
palácio, um jardim público e os lotes dos terrenos adjacentes.
Nos anos de 1642, ele é habitado pelo jovem Luís XIV e
sua mãe, a Regente Ana da Áustria, que transforma a decoração e ao longo dos
anos, ele foi tendo várias transformações...
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O Jovem Louis XIV |
Na realidade, ele nunca foi Real e é assim chamado
porque durante alguns anos morou nele o
futuro rei da França, Luís XIV. Foi
assim que nasceu o Palácio Real... Ele foi expectador dos problemas
acarretados pela Fronde (quando o futuro rei teve que fugir dela para o Castelo de
St.Germain en Laye) e da invasão da multidão em suas dependências (quando
correu o boato em 1651 que a família real havia partido da França)... Após este
incidente, foram se instalar no Louvre porque ele era dotado de valas e de
outros meios de proteção para os tumultos.
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Princesa Palatina |
Desta forma, quando em 1682 Luís XIV estabeleceu como
sua residência o Castelo de Versailles, ele cedeu o Palácio Real ao irmão,
Monsieu e à descendência masculina dele. Em 1692, Filipe II, Duque de Orleãns filho do Monsieur e
regente da França durante a menoridade de Luis XIV, recebeu o palácio em herança. O regente governou o
país a partir do Palais Royal, onde levou uma vida de deboche.
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Comédie Française |
Os Orléans não ocuparam a ala nordeste do Palácio, local onde
Ana da Áustria tinha os seus aposentos, mas sim o Palácio Brion, onde o futuro Regente, enquanto Duque de Chartres,
encomendou a decoração do Grande Apartamento (Grand Appartement), o lugar clássico no luminoso e alegre Estilo Regência, o qual pressagiou o
futuro rococó . O Grande Apartamento, os mais íntimos Pequeno
Apartamentos (Petits Appartements),
e a sua galeria pintada com temas Virgilianos, foram todos eles demolidos,
em 1784, para permitir a instalação do Teatro Francês (Théâtre-Français), atualmente a “Comédie Française”. O Palácio Brion, era um pavilhão erguido ao longo
da Rue Rochelieu, no lado oeste do Palácio Real, que foi comprado por Luís XIV
aos herdeiros de Richilieu e foi o local onde instalou a amante Louise de la
Vallière .
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Molière |
O bisneto do Regente, Louis Philippe II, Duque de Orléans,
abriu os jardins do Palais Royal a todos os parisienses. Ao longo das galerias
permaneciam as damas da noite e nos segundos andares, estavam alojados casinos
de jogo. A polícia não tinha o direito de penetrar nele pois era considerado
domínio principesco. O Palácio era um lugar marcado pela liberdade de conduta
abrigando assim círculos de jogos e casas para o prazer. Existia um teatro em
cada extremo das galerias e o maior foi a sede da Comédia Francesa, a companhia de teatro estatal, a partir do reinado
de Napoleão Bonaparte. O primeiro de todos os teatros existentes no palácio
foi originalmente construído por Lemercier para o Cardeal Richilieu e sob a regência de Luís XIV, o teatro acolheu peças
de Molière, desde 1660 até à morte do dramaturgo em 1673.
Neste Palácio , um jovem agitador em 1789, Camille Desmoulins
convoca a multidão às armas e com as folhas das árvores de castanha do jardim, fez os primeiros emblemas que os
parisienses içaram em sinal de esperança. Dois dias depois houve a tomada da
Bastilha. O Palácio Real torna-se desta forma, o Palácio da Igualdade e o seu
jardim, o da Revolução. Ele permanece como um grande foco de agitação
parisiense até 1974.
Foi igualmente do Palais Royal que partiu no dia 5 de outubro de 1789, a delegação que se rebelou contra os Reis. Nesse dia, vários milhares
de mulheres andaram em direção ao Castelo de Versailles. No dia seguinte,
guardaram a família Real no Palácio das Tulherias sob forte
escolta.
Restaurante Grand Véfour |
Durante o Consulado e o Império, o Palácio esteve
sempre em voga e sua reputação não parava de crescer. Nesta época, existiam 15
restaurantes (o histórico restaurante "Le Grand Vefour" ainda se
mantém no mesmo lugar), 29 cafés, 17 salas de bilhar, 24 joalheiros, mais os
relojoeiros, livrarias, os peruqueiros, entre outros... Isto tudo sem falar do
comércio de “galanteria” realizado pelas demoiselles du Palais Royal que atraiam
uma clientela internacional...
O Palácio é vítima da Revolução que que derrubou
Louis-Philippe. Ele é pilhado, os quadros queimados ou rasgados, os móveis e
objetos de arte jogados pelas janelas... Quando voltou ao domínio do Estado,
tornou-se Palácio Nacional. Luís Bonaparte (Imperador Napoleão III), colocou-o à
disposição do último irmão de Napoleão Bonaparte que ficou nele (8 anos) até a
morte. O filho de Louis-Philippe habitou nele também e, em oposição ao seu pai, recebia a
sociedade liberal da época. O ministério das Colonias ocupa uma das alas. Os
trabalhos da avenida da Opéra com o prefeito Haussmann, remodela a praça do
teatro (atual praça Colette) e a Comédia Francesa adquire a aparência atual.
Em maio de 1871 a Comuna dá ordens de incediar o
Palácio Real, mas o fogo foi controlado e as fachadas imediatamente
restauradas. O Conselho de Estado é realocado
definitivamente e a Corte de Contas, provisoriamente.
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Colette |
Personagens ilustres que fazem parte da história cultural
francesa têm uma íntima ligação com o Palácio: a famosa escritora Colette passou
uma boa parte da vida dela no Palácio Real, no n° 9 da rua de Beaujolais (há
uma placa diante da edifício). O ator
Jean Marais e o célebre romancista, poeta, dramaturgo e escritor, Jean Cocteau viveram no n° 36 da rua de Montpensier.
Atualmente o Palácio Real acolhe várias instituições
de primeira importância e além do Conselho de Estado, abriga o Tribunal
Constitucional e o Ministério da Cultura.
Uma testemunha de muitos dos fatos aqui narrados é o Grand
Véfour. Originariamente Café de Chartres aberto em 1789, tornou-se após a
Revolução Francesa, um restaurante. Em 1820, Jean Véfour o transforma e faz
dele um local da moda, frequentado por grandes personalidades parisienses e
local de excelente gastronomia. A família Taittinger o adquire em 1983 e faz
com que se torne novamente um local de encontros mundanos. No mesmo ano, um atentado, até hoje não
elucidado, com uma grenada, feriu uma
dúzia de pessoas (que após criaram a associação SOS Atentados). O Restaurante
Véfour foi restaurado com uma decoração do Segundo Império e com o chefe Guy
Marin, ganhou 3 estrelas (perdidas em 2008) no Guia Michelin.
Galeria des Proues |
A praça é hoje o símbolo do “Palais Royal”, pela
instalação artística em 1980 de um conjunto de colunas listadas (de Daniel
Buren), que criou na altura bastante polémica, hoje aparententemente esquecida.
Muitos turistas vêm aqui só para tirar as habituais fotos de equilibrismo e
para isso, precisam atravessar a Galerie des Proues, isto é, o corredor
abrigado e formado por colunas clássicas que forma o primeiro piso do palácio. Estas
arcadas possuem hoje lojas de arte e restaurantes finos...
Vamos mergulhar na história de Paris que no revela o Palácio
Real ?