terça-feira, 2 de abril de 2013


E Paris se revela sempre...


O que se manifesta e atrai no teatro da Comédia francesa ?

   
Atores em cena !

Percorrer Paris, é se defrontar com a beleza desta cidade que me atrai... Ela faz parte de mim como eu me sinto perfeitamente integrada nela...Tudo é encantamento e quando a percorro, é como se estivesse lavando a minha alma... A sensação é de plenitude e me sinto feliz em poder realizar meus sonhos caminhando pela cidade...


Neste momento, sou levada em direção à caminhos que desejo conhecer  e na busca do que me revela Paris, me detenho hoje na “Comédie Française” ou Teatro Francês, que é o único teatro estatal da França e também um dos poucos que possui uma companhia permanente de atores. Ele situa-se no n°2, Rue de Richilieu, na praça André-Malraux no 1° arrondissement da capital.


Teatro da Comédie Française 
E tudo vai se revelando... Como foi criado este teatro ? A Comédie Française, é uma expressão que concorre com a chamada Casa de Molière (la Maison de Molière) para designar formalmente o Teatro Francês (le Théâtre-Français), tanto para a comédia como para a tragédia. Originalmente, a Comédie-Française foi a Sociedade dos Comediantes Franceses, designação que serviu para a distinguir da Sociedade dos Comediantes Italianos e da Comédia Italiana.

Quando ele formou-se ? No verão de agosto de 1680, a Comédie Française foi criada por um decreto de Luís XIV quando efetuou a fusão de dois únicos grupos de atores parisienses da época, o do teatro Guénégaud e o do Hôtel de Borgonha. Com a morte de Molière (1973), o primeiro, é o resultado da associação dos atores do teatro do Marais e da “troupe” de Molière.Foi assim criada a única companhia teatral profissional parisiense. O repertório na época é o de Molière, Racine e algumas obras de Corneille, Scarron e Rotrou.

Molière


E o que revela a sua trajétória ? A história deste teatro possui uma tradição que remonta à Molière. Ele é o dramaturgo que tem maior ligação com ele e é também considerado o patronodos atores francese. Por outro lado, a história da Comédie-Française está ligada aos espaços que ocupou e pode resumir-se da seguinte forma: 1 - sala do Hôtel de Guénégaud (1673-1689); 2 - sala do Hôtel des Comédiens du roi, rue des Fossés-Saint-Germain (1689-1770); 3 - sala das Máquinas do palácio de Tuileries (1770-1782); 4 - le Théâtre-Français au faubourg Saint-Germain (1782-1793); sala Richelieu.


Durante a Revolução Francesa, o teatro foi fechado, com ordem de prisão para os atores e em maio de 1799, o novo governo colocou à disposição a sala Richilieu, para os comediantes que desejavam sua reconstrução. Com Napoleão Bonaparte, ele foi reconstituído  e instalado no Palais-Royal.


Interior do Teatro
Hoje, o Teatro Francês ainda permanece ligado às suas raízes. Ele é o único teatro do mundo que continua a ser gerenciado como uma sociedade ao mesmo tempo artística, comercial e estatal (o Estado participa com 80% do orçamento). Os seus membros provisórios são conhecidos por “pensionnaires”; os membros efetivos tornam-se “sociétaires”. Ele dispõe atualmente de um repertório de cerca de 3.000 peças.




Entrar neste lugar mágico onde a presença de Molière é quase palpável, provoca fortes emoções... O teatro é uma das mais belas artes criadas pelo homem e as representações neste local, despertam sentimentos indescritíveis no público.


Vamos mergulhar neste mundo extraordinário de emoções? Venha conhecer o teatro da Comédie Française ! 




E se quiser, pode entrar em contato comigo no celiapprato@gmail.com

domingo, 27 de janeiro de 2013


Monumentos onde Paris se revela ....

O “Palais Royal” (Palácio Real)

O Palais Royal 
O que espero saber com a descoberta deste Palácio no coração de uma cidade que amo tanto ? Sinto que ele ao me revelar o porquê de sua existência, vai me dar também respostas às tantas indagações que faço... E sigo o meu intento... E me dou conta de que está ligado intrinsicamente à trajetória do país e à vida dos reis da França...O que hoje nos revela Paris, encontra-se situado no 1° Arrondissement (1° Distrito) da capital parisiense !

Estamos no século XVI e com  a corte que se instala no Louvre, consequentemente vêm as construções de numerosos Hotéis (ou Palácios) em um novo quarteirão que na época  ainda, tinha aspecto de campo... O séc XVII foi a idade do ouro...Uma rede moderna  de ruas apareceu, os edifícios clássicos do reinado suscitam a admiração das pessoas...e com a criação de Richelieu, o local acaba de ser desenhado sob Mazzarin e Luís XIV...

Jardins do Palais Royal
A história do Palácio foi iniciada em 1624, quando o cardeal de Richelieu (1585-1642) tornou-se secretário de Estado e encomendou à Lemaire a construção de uma residência para morar perto do Rei, que habitava o Louvre.  No ano seguinte, adquiriu os terrenos em volta do edifício e só parou de comprar quando morreu. Richilieu legou à Luís XIII um quarteirão estruturado por uma porta de cidade, um palácio, um jardim público e os lotes dos terrenos adjacentes.

Nos anos de 1642, ele é habitado pelo jovem Luís XIV e sua mãe, a Regente Ana da Áustria, que transforma a decoração e ao longo dos anos, ele foi tendo várias transformações...

O Jovem Louis XIV
Na realidade, ele nunca foi Real e é assim chamado porque durante  alguns anos morou nele o futuro rei da França, Luís XIV.  Foi assim que nasceu o Palácio Real... Ele foi expectador dos problemas acarretados pela Fronde (quando o futuro rei teve que fugir dela para o Castelo de St.Germain en Laye) e da invasão da multidão em suas dependências (quando correu o boato em 1651 que a família real havia partido da França)... Após este incidente, foram se instalar no Louvre porque ele era dotado de valas e de outros meios de proteção para os tumultos.

Princesa Palatina
Em 1652, veio morar no Palácio Real em exílio, a rainha da Inglaterra , Henriette de França (filha de Henrique IV) e a filha dela chamada, Henriette-Anne. Esta última, com 17 anos casou-se com seu primo Philippe 1er, duque de Orléans (Monsieur), irmão de Luís XIV. Este por sua vez, depois da morte dela, casou-se em segundas núpcias com a Princesa Palatina que morou também no Palácio Real. Foi ele o responsável pela  introdução de Molière e sua companhia no reinado de seu irmão, Luís XIV. Um breve parêntese aqui para que eu fale da princesa Palatina que foi uma testemunha privilegiada da corte de Versailles e que quando morreu deixou cerca de 90.000 cartas, onde narra os modos e costumes dos cortesões, os grandes acontecimentos do ano ( exceto os que diziam respeito ao rei Luís XIV, a quem ela admira) e retrata com humor, a vida diária do castelo. Sua « Correspondância Completa », traduzida em alemão e publicada em 1855, é considerada uma das melhores crônicas do Grande Século.

Desta forma, quando em 1682 Luís XIV estabeleceu como sua residência o Castelo de Versailles, ele cedeu o Palácio Real ao irmão, Monsieu e à descendência masculina dele. Em 1692, Filipe II, Duque de Orleãns filho do Monsieur e regente da França durante a menoridade de Luis XIV, recebeu o palácio em herança. O regente governou o país a partir do Palais Royal, onde levou uma vida de deboche.

Comédie Française 
Os Orléans não ocuparam a ala nordeste do Palácio, local onde Ana da Áustria tinha os seus aposentos, mas sim o Palácio Brion, onde o futuro Regente, enquanto Duque de Chartres, encomendou a decoração do Grande Apartamento (Grand Appartement), o lugar clássico no luminoso e alegre Estilo Regência, o qual pressagiou o futuro rococó . O Grande Apartamento, os mais íntimos Pequeno Apartamentos (Petits Appartements), e a sua galeria pintada com temas Virgilianos, foram todos eles demolidos, em 1784, para permitir a instalação do Teatro Francês (Théâtre-Français), atualmente a “Comédie Française”. O Palácio Brion, era um pavilhão erguido ao longo da Rue Rochelieu, no lado oeste do Palácio Real, que foi comprado por Luís XIV aos herdeiros de Richilieu e foi o local onde instalou a amante Louise de la Vallière .

Molière 
O bisneto do Regente, Louis Philippe II, Duque de Orléans, abriu os jardins do Palais Royal a todos os parisienses. Ao longo das galerias permaneciam as damas da noite e nos segundos andares, estavam alojados casinos de jogo. A polícia não tinha o direito de penetrar nele pois era considerado domínio principesco. O Palácio era um lugar marcado pela liberdade de conduta abrigando assim círculos de jogos e casas para o prazer. Existia um teatro em cada extremo das galerias e o maior foi a sede da Comédia Francesa, a companhia de teatro estatal, a partir do reinado de Napoleão Bonaparte. O primeiro de todos os teatros existentes no palácio foi originalmente construído por Lemercier para o Cardeal Richilieu e sob a regência de Luís XIV, o teatro acolheu peças de Molière, desde 1660 até à morte do dramaturgo em 1673.
  
Neste Palácio , um jovem agitador em 1789, Camille Desmoulins convoca a multidão às armas e com as folhas das árvores de castanha do jardim, fez os primeiros  emblemas que os parisienses içaram em sinal de esperança. Dois dias depois houve a tomada da Bastilha. O Palácio Real torna-se desta forma, o Palácio da Igualdade e o seu jardim, o da Revolução. Ele permanece como um grande foco de agitação parisiense até 1974.

Foi igualmente do Palais Royal que partiu no dia 5 de outubro de 1789, a delegação que se rebelou contra os Reis. Nesse dia, vários milhares de mulheres andaram em direção ao Castelo de Versailles. No dia seguinte, guardaram a família Real no Palácio das Tulherias  sob forte escolta. 

Restaurante Grand Véfour
Durante o Consulado e o Império, o Palácio esteve sempre em voga e sua reputação não parava de crescer. Nesta época, existiam 15 restaurantes (o histórico restaurante "Le Grand Vefour" ainda se mantém no mesmo lugar), 29 cafés, 17 salas de bilhar, 24 joalheiros, mais os relojoeiros, livrarias, os peruqueiros, entre outros... Isto tudo sem falar do comércio de “galanteria” realizado pelas demoiselles du Palais Royal que atraiam uma clientela internacional...  

O Palácio é vítima da Revolução que que derrubou Louis-Philippe. Ele é pilhado, os quadros queimados ou rasgados, os móveis e objetos de arte jogados pelas janelas...  Quando voltou ao domínio do Estado, tornou-se Palácio Nacional. Luís Bonaparte (Imperador Napoleão III), colocou-o à disposição do último irmão de Napoleão Bonaparte que ficou nele (8 anos) até a morte. O filho de Louis-Philippe habitou nele também e, em oposição ao seu pai, recebia a sociedade liberal da época. O ministério das Colonias ocupa uma das alas. Os trabalhos da avenida da Opéra com o prefeito Haussmann, remodela a praça do teatro (atual praça Colette) e a Comédia Francesa adquire a aparência atual.

Em maio de 1871 a Comuna dá ordens de incediar o Palácio Real, mas o fogo foi controlado e as fachadas imediatamente restauradas. O Conselho de Estado é realocado definitivamente e a Corte de Contas, provisoriamente.

Colette
Personagens ilustres que fazem parte da história cultural francesa têm uma íntima ligação com o Palácio: a famosa escritora Colette passou uma boa parte da vida dela no Palácio Real, no n° 9 da rua de Beaujolais (há uma placa diante da edifício).  O ator Jean Marais e o célebre romancista, poeta, dramaturgo e escritor, Jean Cocteau viveram no n° 36 da  rua de Montpensier.

Atualmente o Palácio Real acolhe várias instituições de primeira importância e além do Conselho de Estado, abriga o Tribunal Constitucional e o Ministério da Cultura.

Uma testemunha de muitos dos fatos aqui narrados é o Grand Véfour. Originariamente Café de Chartres aberto em 1789, tornou-se após a Revolução Francesa, um restaurante. Em 1820, Jean Véfour o transforma e faz dele um local da moda, frequentado por grandes personalidades parisienses e local de excelente gastronomia. A família Taittinger o adquire em 1983 e faz com que se torne novamente um local de encontros mundanos.  No mesmo ano, um atentado, até hoje não elucidado,  com uma grenada, feriu uma dúzia de pessoas (que após criaram a associação SOS Atentados). O Restaurante Véfour foi restaurado com uma decoração do Segundo Império e com o chefe Guy Marin, ganhou 3 estrelas (perdidas em 2008) no Guia Michelin. 

Galeria des Proues
A praça é hoje o símbolo do “Palais Royal”, pela instalação artística em 1980 de um conjunto de colunas listadas (de Daniel Buren), que criou na altura bastante polémica, hoje aparententemente esquecida. Muitos turistas vêm aqui só para tirar as habituais fotos de equilibrismo e para isso, precisam atravessar a Galerie des Proues, isto é, o corredor abrigado e formado por colunas clássicas que forma o primeiro piso do palácio. Estas arcadas possuem hoje lojas de arte e restaurantes finos...

Vamos mergulhar na história de Paris que no revela o Palácio Real ?

... e qualquer dúvida, entre em contato comigo pelo e-mail celiapprato@gmail.com