Paris se revelando...
Quando percorro Paris e me deparo com o que ela
possui, me surpreendo a imaginar como era a vida das pessoas em épocas
diferentes...Sempre penso muito nos passos que foram dados pelos que viveram
nestes lugares... Quantos sonhos, alegrias, temores, tristezas e acontecimentos
fantásticos fazem parte das situações vividas no passado...Quais as posturas que
adotaram face às diferentes situações... São inúmeras as indagações que faço...
E a cidade vai se denunciando e cada vez mais descubro fatos correlacionados aos
lugares...A capital em si é inexaurível e a França, um país inesgotável pela
arte, história e cultura...
E vou tentando reconhecer o que Paris me revela... Assim,
chego à praça Vendôme, que sempre provocou em mim sensações inigualáveis ! Eu, que sempre tive uma atração especial por tudo
que fez Luís XIV, me encontro agora num lugar sobre o qual ele pensou,
refletiu, elaborou... Eu que estudei
tanto Napoleão Bonaparte quando adolescente e aprendi mais ainda aqui na França,
teço conjeturas sobre tudo que construíu
quando vejo a coluna da praça... Me vejo
imaginando os sentimentos de Chopin aqui neste local que foi testemunha de seu
último suspiro...No n° 26, ocupado pelo joalheiro Bucheron, penso em tudo que
viveu aí a bela Castiglione, (conhecida
também como a “louca da praça”) e que no final de sua vida viveu na solidão
(durante o dia, na maior parte do tempo ficava na cama com lençóis de seda
preta e saía de casa somente à noite vestida também de preto).
Aqui me deparo com
o Ritz, o primeiro hotel cinco estrelas da história, com seus 175 quartos e
refúgio de grandes nomes como Marcel Proust e Coco Chanel... Finalmente, sonho
com Lady Diana, o mais recente personagem, que saiu da praça e desapareceu do
mundo... Este local é carregado de estórias e de histórias !
A sublime praça Vendôme de forma octogonal...Típica do
urbanismo clássico francês... Monumento histórico que reflete a aristocracia...
Uma das mais bonitas da cidade e considerada como uma das mais luxuosas do
mundo... Este esplendor que faz até hoje muitas pessoas perderem a cabeça... A
própria realeza perdeu-se nesta pompa, esplendor, melindres e extravagâncias...
Sinônimo de opulência, ostentação e caprichos !
Ela encontra-se no 1° Arrondissement, à leste da
Igreja da Madalena, ao norte o Jardim das Tulherias, é ponto de início da rua
da Paz (rue de la Paix) e está bem próxima da Opéra Garnier. Falando em
associação, o bairro que abriga a praça
foi sempre ligado à Luís XIV e o meio financeiro, assim como o nome de Henrique
IV vem junto à Ponte Nova e o povo
francês.
No ano de 1685, o rei comprou o solar do Hôtel de
Vendôme ao arruinado duque de Vendôme com a
intenção de posteriormente, fazer uma praça para a biblioteca real e as
academias. Os problemas financeiros o obrigaram a mudar seus planos e foi
elaborado um novo traçado em 1698.
O rei Sol queria um espaço
suntuoso, grandioso e magnífico para celebrar os grandes eventos reais e
confiou à Jules Hardouin-Mansart o traçado desta praça que o arquiteto concebeu
em 1699.
A praça chamou-se “Luís o Grande” até a Revolução
Francesa e foi inaugurada em 1699 com
uma magnífica festa , quando recebeu a estátua de Luís XIV à cavalo,
vestido de imperador romano) feita por François Girardon. Na Revolução Francesa
a derrubaram e o nome da praça foi modificado. Passou a chamar-se praça de “Piques”
(espadas, lanças). Quando Napoleão Bonaparte chegou ao poder, derreteu os
canhões austríacos da batalha de Austerlitz e escolheu o mesmo lugar para
construir a coluna (inspirada na de Trajano situada no forum de Roma), onde
colocou em seu pico uma estátua de bronze com ele vestido de imperador
romano. Ela é toda em relevos onde conta
cenas da batalha que foi vencedor em 1805. A Restauração (1815-1848), plantou
sua bandeira branca depois de retirar a efígie de Napoleão. A Monarquia de Julho (1830-1848) assentou sua bandeira tricolor. As tropas de Napoleão III no segundo império
(1851-1870), colocou uma cópia no mesmo lugar. Entretanto, sob a insurreição
popular (a Comuna-1871), a praça “Internacional” foi desfeita pelos revolucionários e Gustave Courbet, (grande artista e
pintor cujos quadros estão expostos no Museu d’Orsay), que era na época o responsável
pelos monumentos da cidade, foi preso e condenado a pagar a reconstrução do
monumento. Enfim ela é restaurada e recolocada sobre seu pedestal pela III República.
Hoje ela ainda domina a famosa praça do topo de seus 44 metros.
A Praça Vendôme é um espaço quase totalmente fechado com as esquinas quebradas
e tem apenas duas entradas que traçam o eixo central. Nascida da
imaginação do rei Sol-Luís XIV, a praça é uma jóia e ao mesmo tempo o símbolo
da monarquia absoluta. Numa época de espíritos estreitos, Paris é feita de ruas
pequenas e de poucos espaços verdes abertos. A praça Vendôme constitue um
espaço de liberdade onde se pode respirar como a praça da Grève (Hotel de
Ville-atual praça da Prefeitura de Paris) e a praça Real (atual praça des
Vosges). É considerada como local simbólico de acontecimentos importantes pois viu
o desenrolar da revolução francesa, os golpes do Estado, a volta do poder real...
.
As paixões políticas desertaram e deram o lugar para
as boutiques mais luxuosas de jóias. Qualquer
joalheria famosa que passe na sua cabeça existe na Place Vendôme: Cartier,
Bvlgari, Chaumet, Bucellati, Boucheron…
Pequena, simples, limpa, sem
árvores, ela possui a arquitetura homogênea dos prédios... O Hôtel de
Bourvallais, n°13 da Place Vendôme, abriga o ministério da Justiça. Está
cercado de "hôtels particuliers" (ou palacetes) cujas fachadas são
tombadas como monumentos históricos. Durante
os anos 1980 a Vendôme ficou meio esquecida pois os milionários preferiam a
avenida Montaigne. A construção nos anos 1990 da pirâmide do Museu do
Louvre e a inauguração da loja Colette e do Hotel Costes permitiu à
praça de reencontrar seu brilho. E a praça voltou a ser o grande lugar do
encontro dos elegantes do mundo todo... Símbolo internacional do luxo e do
sucesso...
Poucas são as pessoas que têm o privilégio de morar na
praça. Mais raros ainda são os
proprietários que vivem durante todo o ano. O emir do Catar, Hamad bin Khalifa
al-Thani, dono do Hotel d'Evreux no n°19, vem apenas uma ou duas vezes por ano.
Outro luxuoso "pied-à-terre", é o magnífico hotel Coëtlogon de
propriedade do sultão de Brunei, Hassanal Bolkiah. Todavia, o maior proprietário na praça é
anônimo: o fundo irlandês Sloane Capital, que possui paredes de algumas belas
lojas e dezenas de milhares de metros quadrados de escritórios. Os aluguéis estão a altura deste lugar
excepcional: cerca de 1.200 euros por
ano por metro quadrado. Isso não parece assustar nem o escritório de advocacia
Clifford Chance, nem o Banco JP Morgan, que concordam em pagar um preço alto
para obter o status conferido pelo endereço de prestígio.
O mais ilustre
morador da praça, o cantor-compositor
Henri Salvador (1917-2008), que nasceu na Guiana francesa e morou no Brésil, não vive mais aqui. Era na janela n°6, que ele
encontrava sua inspiração. Dizem que antes de se fechar em seu estúdio de
gravação instalado em seu apartamento ia sempre antes à janela. Costumava também almoçar no Ritz. Outro
personagem, é o joalheiro Lorenz Baumer, estabelecido desde 1995 na praça Vendôme,
que sucumbiu ao charme da praça assim que a viu.
Desde cedo da manhã e durante o dia inteiro, os
turistas invadem este espaço com seus guias e exclamações admirativas. Enquanto
isto, Mercedes , Ferraris e carros de luxo estacionam incessantemente diante o
Ritz. Quando este dia chega ao fim, os últimos
ônibus turísticos deixam a praça...As joalherias se fecham...O lugar torna-se quase
silencioso...O show pode começar...Um feixe de luz desce suavemente até cair
sobre a estátua imóvel de Napoleão vitorioso, de pé, na parte superior da
coluna. .. A sombra da Imperador depois
volta-se para a frente do N°20 que é o hôtel de Parabère (palácio privado)...
Contornos gradualmente se afirmam ... Em um jogo impressionante de luz, o
vencedor da batalha de Austerlitz parece ter tomado posse do lugar... Antes de ser perseguido
finalmente pela noite calada e escura... O Imperador desaparece... E a praça
volta ao seu estado habitual...
Neste caleidoscópio de beleza e emoções, eu me
encontro e sou feliz ! Quer vir dividir estes momentos comigo? Juntos,
descobriremos o que nos revela Paris !