quarta-feira, 28 de novembro de 2012


Paris se revelando...

Quando percorro Paris e me deparo com o que ela possui, me surpreendo a imaginar como era a vida das pessoas em épocas diferentes...Sempre penso muito nos passos que foram dados pelos que viveram nestes lugares... Quantos sonhos, alegrias, temores, tristezas e acontecimentos fantásticos fazem parte das situações vividas no passado...Quais as posturas que adotaram face às diferentes situações... São inúmeras as indagações que faço... E a cidade vai se denunciando e cada vez mais descubro fatos correlacionados aos lugares...A capital em si é inexaurível e a França, um país inesgotável pela arte, história e cultura...

E vou tentando reconhecer o que Paris me revela... Assim, chego à praça Vendôme, que sempre provocou em mim sensações inigualáveis !  Eu, que sempre tive uma atração especial por tudo que fez Luís XIV, me encontro agora num lugar sobre o qual ele pensou, refletiu, elaborou...  Eu que estudei tanto Napoleão Bonaparte quando adolescente e aprendi mais ainda aqui na França, teço  conjeturas sobre tudo que construíu quando vejo a coluna da praça...  Me vejo imaginando os sentimentos de Chopin aqui neste local que foi testemunha de seu último suspiro...No n° 26, ocupado pelo joalheiro Bucheron, penso em tudo que viveu aí a  bela Castiglione, (conhecida também como a “louca da praça”) e que no final de sua vida viveu na solidão (durante o dia, na maior parte do tempo ficava na cama com lençóis de seda preta e saía de casa somente à noite vestida também de preto).

Aqui me deparo com o Ritz, o primeiro hotel cinco estrelas da história, com seus 175 quartos e refúgio de grandes nomes como Marcel Proust e Coco Chanel... Finalmente, sonho com Lady Diana, o mais recente personagem, que saiu da praça e desapareceu do mundo... Este local é carregado de estórias e de histórias !

A sublime praça Vendôme de forma octogonal...Típica do urbanismo clássico francês... Monumento histórico que reflete a aristocracia... Uma das mais bonitas da cidade e considerada como uma das mais luxuosas do mundo... Este esplendor que faz até hoje muitas pessoas perderem a cabeça... A própria realeza perdeu-se nesta pompa, esplendor, melindres e extravagâncias... Sinônimo de opulência, ostentação e caprichos !

Ela encontra-se no 1° Arrondissement, à leste da Igreja da Madalena, ao norte o Jardim das Tulherias, é ponto de início da rua da Paz (rue de la Paix) e está bem próxima da Opéra Garnier. Falando em associação, o bairro que abriga a praça foi sempre ligado à Luís XIV e o meio financeiro, assim como o nome de Henrique IV  vem junto à Ponte Nova e o povo francês.

No ano de 1685, o rei comprou o solar do Hôtel de Vendôme ao arruinado duque de Vendôme com a  intenção de posteriormente, fazer uma praça para a biblioteca real e as academias. Os problemas financeiros o obrigaram a mudar seus planos e foi elaborado um novo traçado em 1698. 

O rei Sol queria um espaço suntuoso, grandioso e magnífico para celebrar os grandes eventos reais e confiou à Jules Hardouin-Mansart o traçado desta praça que o arquiteto concebeu em 1699.

A praça chamou-se “Luís o Grande” até a Revolução Francesa  e foi inaugurada em 1699 com uma magnífica festa , quando recebeu a estátua de Luís XIV  à cavalo, vestido de imperador romano) feita por François Girardon. Na Revolução Francesa a derrubaram e o nome da praça foi modificado. Passou a chamar-se praça de “Piques” (espadas, lanças). Quando Napoleão Bonaparte chegou ao poder, derreteu os canhões austríacos da batalha de Austerlitz e escolheu o mesmo lugar para construir a coluna (inspirada na de Trajano situada no forum de Roma), onde colocou em seu pico uma estátua de bronze com ele vestido de imperador romano.  Ela é toda em relevos onde conta cenas da batalha que foi vencedor em 1805. A Restauração (1815-1848), plantou sua bandeira branca depois de retirar a efígie de Napoleão. A Monarquia de Julho (1830-1848) assentou sua bandeira tricolor.  As tropas de Napoleão III no segundo império (1851-1870), colocou uma cópia no mesmo lugar. Entretanto, sob a insurreição popular (a Comuna-1871), a praça “Internacional”  foi desfeita pelos revolucionários e Gustave Courbet, (grande artista e pintor cujos quadros estão expostos no Museu d’Orsay), que era na época o responsável pelos monumentos da cidade, foi preso e condenado a pagar a reconstrução do monumento. Enfim ela é restaurada e recolocada sobre seu pedestal pela III República. Hoje ela ainda domina a famosa praça do topo de seus 44 metros.  

A Praça Vendôme é um espaço quase totalmente fechado com as esquinas quebradas e tem apenas duas entradas que traçam o eixo central. Nascida da imaginação do rei Sol-Luís XIV, a praça é uma jóia e ao mesmo tempo o símbolo da monarquia absoluta. Numa época de espíritos estreitos, Paris é feita de ruas pequenas e de poucos espaços verdes abertos. A praça Vendôme constitue um espaço de liberdade onde se pode respirar como a praça da Grève (Hotel de Ville-atual praça da Prefeitura de Paris) e a praça Real (atual praça des Vosges). É considerada como local simbólico de acontecimentos importantes pois viu o desenrolar da revolução francesa, os golpes do Estado, a volta do poder real... . 

As paixões políticas desertaram e deram o lugar para as boutiques mais luxuosas de jóias. Qualquer joalheria famosa que passe na sua cabeça existe na Place Vendôme: Cartier, Bvlgari,  Chaumet, Bucellati, Boucheron…

Pequena, simples, limpa, sem árvores, ela possui a arquitetura homogênea dos prédios... O Hôtel de Bourvallais, n°13 da Place Vendôme, abriga o ministério da Justiça. Está cercado de "hôtels particuliers" (ou palacetes) cujas fachadas são tombadas como monumentos históricos.  Durante os anos 1980 a Vendôme ficou meio esquecida pois os milionários preferiam a avenida Montaigne. A construção nos anos 1990 da pirâmide do Museu do Louvre e a inauguração da loja Colette e do Hotel Costes permitiu à praça de reencontrar seu brilho. E a praça voltou a ser o grande lugar do encontro dos elegantes do mundo todo... Símbolo internacional do luxo e do sucesso...

Poucas são as pessoas que têm o privilégio de morar na praça.  Mais raros ainda são os proprietários que vivem durante todo o ano. O emir do Catar, Hamad bin Khalifa al-Thani, dono do Hotel d'Evreux no n°19, vem apenas uma ou duas vezes por ano. Outro luxuoso "pied-à-terre", é o magnífico hotel Coëtlogon de propriedade do sultão de Brunei, Hassanal Bolkiah.  Todavia, o maior proprietário na praça é anônimo: o fundo irlandês Sloane Capital, que possui paredes de algumas belas lojas e dezenas de milhares de metros quadrados de escritórios. Os aluguéis estão a altura deste lugar excepcional:  cerca de 1.200 euros por ano por metro quadrado. Isso não parece assustar nem o escritório de advocacia Clifford Chance, nem o Banco JP Morgan, que concordam em pagar um preço alto para obter o status conferido pelo endereço de prestígio.

O mais ilustre morador da praça, o cantor-compositor Henri Salvador (1917-2008), que nasceu na Guiana francesa e  morou no Brésil,  não vive mais aqui. Era na janela n°6, que ele encontrava sua inspiração. Dizem que antes de se fechar em seu estúdio de gravação instalado em seu apartamento ia sempre antes à janela.  Costumava também almoçar no Ritz. Outro personagem, é o joalheiro Lorenz Baumer, estabelecido desde 1995 na praça Vendôme, que sucumbiu ao charme da praça assim que a viu.

Desde cedo da manhã e durante o dia inteiro, os turistas invadem este espaço com seus guias e exclamações admirativas. Enquanto isto, Mercedes , Ferraris e carros de luxo estacionam incessantemente diante o Ritz.  Quando este dia chega ao fim, os últimos ônibus turísticos deixam a praça...As joalherias  se fecham...O lugar torna-se quase silencioso...O show pode começar...Um feixe de luz desce suavemente até cair sobre a estátua imóvel de Napoleão vitorioso, de pé, na parte superior da coluna. .. A sombra da Imperador  depois volta-se para a frente do N°20 que é o hôtel de Parabère (palácio privado)... Contornos gradualmente se afirmam ... Em um jogo impressionante de luz, o vencedor da batalha de Austerlitz parece ter tomado posse do lugar... Antes de  ser perseguido  finalmente pela noite calada e escura... O Imperador desaparece... E a praça volta ao seu estado habitual...

Neste caleidoscópio de beleza e emoções, eu me encontro e sou feliz ! Quer vir dividir estes momentos comigo? Juntos, descobriremos o que nos revela Paris !


E, se necessário, podemos conversar no celiapprato@gmail.com

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