sexta-feira, 9 de novembro de 2012


Revelações de Paris...


Vamos agora fazer um passeio pelo “les Halles” que nos espera? Com certeza iremos compreender cada vez mais porque Paris é a cidade mais visitada do mundo!

A  eterna capital se  desnuda e como numa aula de anatomia, descobrimos seu ventre! O professor,  se apresenta como Emile Zola, fundador e  principal representante do movimento literário naturalista. Numa descrição detalhada e num minucioso relato de personagens e fatos, ele nos fornece uma visão baseada em acontecimentos históricos com pessoas e características realistas, que nos deixam com a sensação de que conhecemos àqueles que se apresentam em suas obras.

Em nosso caso, o conhecimento concerne o monumental mercado de Paris, “Les Halles” e os personagens são os vendedores de frutas, legumes, açougueiros, padeiros, floristas e todos que compõem este universo inqualificável da atmosfera do Halles de Paris ontem ... 

Paris não ganhou gratuitamente uma beleza natural e única como Veneza, nem uma natureza exuberante como a do Rio de Janeiro... Entretanto, ela é deslumbrante! Representa um conjunto arquitetônico inigualável com seus monumentos, ruas e avenidas, seu eterno charme, beleza e sua cultura... Como se sente um turista diante da parte do melhor que um ser humano foi capaz de construir e preservar?  Certamente ofuscado e admirado pela profusão de informações que diante dele se revela...Em cada esquina encontramos uma atração que comparamos a sua riqueza humana, representada pelo multiculturalismo das centenas de imigrantes e a da vaidade e requinte dos parisienses. Imperdível por si mesmo!

Nesta lição de Zola, testemunhamos a significação através do tempo do que é hoje a cidade onde vivo. Seu livro nos mostra a formação da consciência e a experiência dos lugares. Sentimos o “Halles” se revelando na linguagem escrita deste autor e, neste momento, somos capazes de ler no espaço que ele delimita, a riqueza de seu patrimônio e prestígio. A cidade aparece como ela é! Repleta de lugares onde se conservou um passado de prestígio testemunhado pelas  antigas pedras de seus monumentos e casas, onde  nos tornamos capazes de ver e de ler os acontecimentos que a tornaram célebre... Paris polariza o presente e o futuro, se mostra nas partes que nos descobre, como um lugar de onde saem as inovações e modas...

Hoje, percorrendo as ruas da capital, chegamos ao “les Halles”, onde eram negociados tecidos, comestiveis, cereais, vinhos, flores,...Localizado no  2° bairro administrativo de Paris, situa-se assim no 1° arrondissement (distrito) e a origem de seu nome vem do "Halle" (parte fixa e coberta do antigo mercado central de Paris), que era o centro do mercado de venda em atacado de produtos de alimenticios frescos.

Sua história remonta ao século XII, quando foi construído em uma zona pantanosa, no centro de Paris, mas que ficava extramuros naquela época ...Neste tempo, era como um “grande bazar” onde em cada local específico se vendia produtos têxteis, miudezas de todas as espécies, e outros... No século XVI,  Francisco 1° iniciou a fase (que durou 30 anos), da adequação dos prédios ao comércio... Em 1808, Napoleão Bonaparte se engaja na reorganização coerente do mercado e elabora regulamentos para a matança de animais, mas os problemas de higiene e circulação, persistem...Na metade deste mesmo século, no período das grandes transformações realizadas em Paris pelo arquiteto e prefeito Haussmann, durante o império de Napoleão III. Neste periodo, o arquiteto Victor Baltard apresenta seu projeto: a construção de doze  pavilhões com paredes de vidro, aço e colunas de ferro totalmente inovador. Estes eram compostos de dois grandes grupos, subdivididos em grupo de seis. 

Nos anos 1960, os pavilhões tornaram-se inadaptados à vida moderna. O espaço passou a ser muito limitado em relação à demanda de uma capital em expansão... A insalubridade decorrente das normas de higiene defasadas levou o Governo a tomar uma nova posição. A opção foi sua demolição!

O famoso mercado, onde a elite parisiense ia de madrugada, (após saídas noturnas),  tomar a renomada sopa “à l'oignon” (de cebolas) e se regalava comendo  escargots ou tripas num dos inúmeros restaurantes, acabou! O Mercado se foi... Em seu lugar, foi edificado um grande centro comercial, espaços destinados ao lazer, novas estações de metrô e um grande jardim. 

O ventre de Paris de Emile Zola mudou... Ele foi substituído pelo coração de Paris  com uma cidade subterrânea em 3 níveis : a maior estação de metrô do mundo, “Châtelet les Halles”, onde passam diariamente cerca de 800.000 pessoas, o mais frequentado shopping, "o Forum", com suas 23 salas de cinema, um jardim de 4 ha, uma rede de vias públicas essencialmente subterrâneas, ...

Nada substitui a saudade dos parisienses pelo antigo e célebre mercado! O que sobrou dele?  Dois dos pavilhões foram preservados: o que se destinava ao comércio de ovos e aves, foi desmontado e levado para Nogent-Sur-Marne (cidade da periferia da capital) onde abriga uma sala de espetáculos chamada “Pavillon Baltard”. O segundo, encontra-se na cidade de Yokohama no  Japão.

Agora, no século XXI, um novo concurso foi realizado visando a total reconstrução do bairro. As obras já começaram e a sua inauguração é prevista para 2013.


O projeto que vai dar uma roupa nova ao “les Halles”, se revela ambicioso com a expansão e melhoria deste monumento de urbanismo subterrâneo e tenciona tornar o local mais agradável a todos que o frequentam. Vão surgir mais lojas favorecendo o comércio, equipamentos culturais e o acesso às estações mais diversificado... As autoridades pretendem tornar o bairro mais acolhedor... Uma nova imagem da capital cada vez mais dinâmica!


E assim, continuamos a descobrir o que nos revela o 1° arrondissement desta fascinante cidade  onde moro que é Paris...


e, se necessário, podemos conversar no celiapprato@gmail.com 

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