Revelações de Paris...
Vamos agora
fazer um passeio pelo “les Halles” que nos espera? Com certeza iremos compreender cada vez mais porque
Paris é a cidade mais visitada do mundo!
A eterna
capital se desnuda e como numa aula de anatomia, descobrimos seu
ventre! O professor, se apresenta como
Emile Zola, fundador e principal
representante do movimento literário naturalista. Numa descrição detalhada e num minucioso relato de personagens e fatos, ele nos fornece uma visão baseada em acontecimentos históricos com pessoas e características realistas, que nos deixam com a
sensação de que conhecemos àqueles que se apresentam em suas obras.
Em nosso
caso, o conhecimento concerne o monumental mercado de Paris, “Les Halles” e os
personagens são os vendedores de frutas, legumes, açougueiros, padeiros,
floristas e todos que compõem este universo inqualificável da atmosfera do
Halles de Paris ontem ...
Paris não ganhou gratuitamente uma beleza natural e
única como Veneza, nem uma natureza exuberante como a do Rio de Janeiro...
Entretanto, ela é deslumbrante! Representa um conjunto arquitetônico
inigualável com seus monumentos, ruas e avenidas, seu eterno charme, beleza e sua cultura... Como se sente um turista diante da parte do melhor
que um ser humano foi capaz de construir e preservar? Certamente ofuscado e admirado pela profusão
de informações que diante dele se revela...Em cada esquina encontramos uma atração que
comparamos a sua riqueza humana, representada pelo multiculturalismo das
centenas de imigrantes e a da vaidade e requinte dos parisienses. Imperdível por
si mesmo!
Nesta lição de Zola, testemunhamos a significação através
do tempo do que é hoje a cidade onde vivo. Seu livro nos mostra a formação da
consciência e a experiência dos lugares. Sentimos o “Halles” se revelando na
linguagem escrita deste autor e, neste momento, somos capazes de ler no espaço
que ele delimita, a riqueza de seu patrimônio e prestígio. A cidade aparece como
ela é! Repleta de lugares onde se conservou um passado de prestígio testemunhado pelas antigas pedras de seus monumentos
e casas, onde nos tornamos capazes de
ver e de ler os acontecimentos que a tornaram célebre... Paris polariza o
presente e o futuro, se mostra nas partes que nos descobre, como um lugar de
onde saem as inovações e modas...
Hoje, percorrendo as ruas da capital, chegamos ao “les
Halles”, onde eram negociados tecidos, comestiveis, cereais, vinhos, flores,...Localizado
no 2° bairro administrativo de Paris,
situa-se assim no 1° arrondissement (distrito) e a origem de seu nome vem do "Halle" (parte fixa e coberta do antigo mercado central de
Paris), que era o centro do mercado de venda em atacado de produtos de
alimenticios frescos.
Sua história remonta ao século XII, quando foi construído
em uma zona pantanosa, no centro de Paris, mas que ficava extramuros naquela época ...Neste
tempo, era como um “grande bazar” onde em cada local específico se vendia produtos têxteis, miudezas de todas as espécies, e outros... No século XVI, Francisco 1° iniciou a fase (que durou 30 anos),
da adequação dos prédios ao comércio... Em 1808, Napoleão Bonaparte se engaja
na reorganização coerente do mercado e elabora regulamentos para a matança de
animais, mas os problemas de higiene e circulação, persistem...Na metade deste
mesmo século, no período das grandes transformações realizadas em Paris pelo arquiteto e prefeito Haussmann, durante o império de Napoleão III. Neste periodo, o arquiteto Victor Baltard apresenta seu projeto: a construção de doze pavilhões com paredes de vidro, aço e colunas
de ferro totalmente inovador. Estes eram compostos de dois grandes grupos, subdivididos em grupo de seis.
Nos anos 1960,
os pavilhões tornaram-se inadaptados à vida moderna. O espaço passou a ser muito limitado em relação à demanda de uma
capital em expansão... A insalubridade decorrente das normas de higiene
defasadas levou o Governo a tomar uma nova posição. A opção foi sua demolição!
O famoso mercado, onde a elite parisiense ia de madrugada, (após saídas noturnas), tomar a renomada sopa “à l'oignon” (de cebolas) e se regalava comendo escargots ou tripas num dos inúmeros restaurantes, acabou! O Mercado se foi... Em seu lugar, foi
edificado um grande centro comercial, espaços destinados ao lazer, novas estações de metrô e um grande jardim.
O ventre de Paris de Emile Zola mudou... Ele foi substituído pelo
coração de Paris com uma cidade
subterrânea em 3 níveis : a maior estação de metrô do mundo, “Châtelet les
Halles”, onde passam diariamente cerca de 800.000 pessoas, o mais frequentado
shopping, "o Forum", com suas 23 salas de cinema, um jardim de 4 ha, uma rede de
vias públicas essencialmente subterrâneas, ...
Nada substitui a saudade dos parisienses pelo antigo e
célebre mercado! O que sobrou dele? Dois
dos pavilhões foram preservados: o que se destinava ao comércio de ovos e aves, foi desmontado e levado para Nogent-Sur-Marne (cidade da periferia da
capital) onde abriga uma sala de espetáculos chamada “Pavillon Baltard”. O
segundo, encontra-se na cidade de Yokohama no
Japão.
Agora, no século XXI, um novo concurso foi realizado visando a
total reconstrução do bairro. As obras já começaram e a sua inauguração é prevista para 2013.
O projeto que vai dar uma roupa nova ao “les Halles”, se revela
ambicioso com a expansão e melhoria deste monumento de urbanismo subterrâneo e
tenciona tornar o local mais agradável a todos que o frequentam. Vão surgir mais lojas favorecendo o comércio, equipamentos culturais e o acesso às estações mais diversificado... As
autoridades pretendem tornar o bairro mais acolhedor... Uma nova imagem da capital cada vez mais dinâmica!
E assim, continuamos a descobrir o que nos revela o 1° arrondissement desta fascinante cidade onde moro que é Paris...
e, se necessário,
podemos conversar no celiapprato@gmail.com
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