terça-feira, 2 de abril de 2013


E Paris se revela sempre...


O que se manifesta e atrai no teatro da Comédia francesa ?

   
Atores em cena !

Percorrer Paris, é se defrontar com a beleza desta cidade que me atrai... Ela faz parte de mim como eu me sinto perfeitamente integrada nela...Tudo é encantamento e quando a percorro, é como se estivesse lavando a minha alma... A sensação é de plenitude e me sinto feliz em poder realizar meus sonhos caminhando pela cidade...


Neste momento, sou levada em direção à caminhos que desejo conhecer  e na busca do que me revela Paris, me detenho hoje na “Comédie Française” ou Teatro Francês, que é o único teatro estatal da França e também um dos poucos que possui uma companhia permanente de atores. Ele situa-se no n°2, Rue de Richilieu, na praça André-Malraux no 1° arrondissement da capital.


Teatro da Comédie Française 
E tudo vai se revelando... Como foi criado este teatro ? A Comédie Française, é uma expressão que concorre com a chamada Casa de Molière (la Maison de Molière) para designar formalmente o Teatro Francês (le Théâtre-Français), tanto para a comédia como para a tragédia. Originalmente, a Comédie-Française foi a Sociedade dos Comediantes Franceses, designação que serviu para a distinguir da Sociedade dos Comediantes Italianos e da Comédia Italiana.

Quando ele formou-se ? No verão de agosto de 1680, a Comédie Française foi criada por um decreto de Luís XIV quando efetuou a fusão de dois únicos grupos de atores parisienses da época, o do teatro Guénégaud e o do Hôtel de Borgonha. Com a morte de Molière (1973), o primeiro, é o resultado da associação dos atores do teatro do Marais e da “troupe” de Molière.Foi assim criada a única companhia teatral profissional parisiense. O repertório na época é o de Molière, Racine e algumas obras de Corneille, Scarron e Rotrou.

Molière


E o que revela a sua trajétória ? A história deste teatro possui uma tradição que remonta à Molière. Ele é o dramaturgo que tem maior ligação com ele e é também considerado o patronodos atores francese. Por outro lado, a história da Comédie-Française está ligada aos espaços que ocupou e pode resumir-se da seguinte forma: 1 - sala do Hôtel de Guénégaud (1673-1689); 2 - sala do Hôtel des Comédiens du roi, rue des Fossés-Saint-Germain (1689-1770); 3 - sala das Máquinas do palácio de Tuileries (1770-1782); 4 - le Théâtre-Français au faubourg Saint-Germain (1782-1793); sala Richelieu.


Durante a Revolução Francesa, o teatro foi fechado, com ordem de prisão para os atores e em maio de 1799, o novo governo colocou à disposição a sala Richilieu, para os comediantes que desejavam sua reconstrução. Com Napoleão Bonaparte, ele foi reconstituído  e instalado no Palais-Royal.


Interior do Teatro
Hoje, o Teatro Francês ainda permanece ligado às suas raízes. Ele é o único teatro do mundo que continua a ser gerenciado como uma sociedade ao mesmo tempo artística, comercial e estatal (o Estado participa com 80% do orçamento). Os seus membros provisórios são conhecidos por “pensionnaires”; os membros efetivos tornam-se “sociétaires”. Ele dispõe atualmente de um repertório de cerca de 3.000 peças.




Entrar neste lugar mágico onde a presença de Molière é quase palpável, provoca fortes emoções... O teatro é uma das mais belas artes criadas pelo homem e as representações neste local, despertam sentimentos indescritíveis no público.


Vamos mergulhar neste mundo extraordinário de emoções? Venha conhecer o teatro da Comédie Française ! 




E se quiser, pode entrar em contato comigo no celiapprato@gmail.com

domingo, 27 de janeiro de 2013


Monumentos onde Paris se revela ....

O “Palais Royal” (Palácio Real)

O Palais Royal 
O que espero saber com a descoberta deste Palácio no coração de uma cidade que amo tanto ? Sinto que ele ao me revelar o porquê de sua existência, vai me dar também respostas às tantas indagações que faço... E sigo o meu intento... E me dou conta de que está ligado intrinsicamente à trajetória do país e à vida dos reis da França...O que hoje nos revela Paris, encontra-se situado no 1° Arrondissement (1° Distrito) da capital parisiense !

Estamos no século XVI e com  a corte que se instala no Louvre, consequentemente vêm as construções de numerosos Hotéis (ou Palácios) em um novo quarteirão que na época  ainda, tinha aspecto de campo... O séc XVII foi a idade do ouro...Uma rede moderna  de ruas apareceu, os edifícios clássicos do reinado suscitam a admiração das pessoas...e com a criação de Richelieu, o local acaba de ser desenhado sob Mazzarin e Luís XIV...

Jardins do Palais Royal
A história do Palácio foi iniciada em 1624, quando o cardeal de Richelieu (1585-1642) tornou-se secretário de Estado e encomendou à Lemaire a construção de uma residência para morar perto do Rei, que habitava o Louvre.  No ano seguinte, adquiriu os terrenos em volta do edifício e só parou de comprar quando morreu. Richilieu legou à Luís XIII um quarteirão estruturado por uma porta de cidade, um palácio, um jardim público e os lotes dos terrenos adjacentes.

Nos anos de 1642, ele é habitado pelo jovem Luís XIV e sua mãe, a Regente Ana da Áustria, que transforma a decoração e ao longo dos anos, ele foi tendo várias transformações...

O Jovem Louis XIV
Na realidade, ele nunca foi Real e é assim chamado porque durante  alguns anos morou nele o futuro rei da França, Luís XIV.  Foi assim que nasceu o Palácio Real... Ele foi expectador dos problemas acarretados pela Fronde (quando o futuro rei teve que fugir dela para o Castelo de St.Germain en Laye) e da invasão da multidão em suas dependências (quando correu o boato em 1651 que a família real havia partido da França)... Após este incidente, foram se instalar no Louvre porque ele era dotado de valas e de outros meios de proteção para os tumultos.

Princesa Palatina
Em 1652, veio morar no Palácio Real em exílio, a rainha da Inglaterra , Henriette de França (filha de Henrique IV) e a filha dela chamada, Henriette-Anne. Esta última, com 17 anos casou-se com seu primo Philippe 1er, duque de Orléans (Monsieur), irmão de Luís XIV. Este por sua vez, depois da morte dela, casou-se em segundas núpcias com a Princesa Palatina que morou também no Palácio Real. Foi ele o responsável pela  introdução de Molière e sua companhia no reinado de seu irmão, Luís XIV. Um breve parêntese aqui para que eu fale da princesa Palatina que foi uma testemunha privilegiada da corte de Versailles e que quando morreu deixou cerca de 90.000 cartas, onde narra os modos e costumes dos cortesões, os grandes acontecimentos do ano ( exceto os que diziam respeito ao rei Luís XIV, a quem ela admira) e retrata com humor, a vida diária do castelo. Sua « Correspondância Completa », traduzida em alemão e publicada em 1855, é considerada uma das melhores crônicas do Grande Século.

Desta forma, quando em 1682 Luís XIV estabeleceu como sua residência o Castelo de Versailles, ele cedeu o Palácio Real ao irmão, Monsieu e à descendência masculina dele. Em 1692, Filipe II, Duque de Orleãns filho do Monsieur e regente da França durante a menoridade de Luis XIV, recebeu o palácio em herança. O regente governou o país a partir do Palais Royal, onde levou uma vida de deboche.

Comédie Française 
Os Orléans não ocuparam a ala nordeste do Palácio, local onde Ana da Áustria tinha os seus aposentos, mas sim o Palácio Brion, onde o futuro Regente, enquanto Duque de Chartres, encomendou a decoração do Grande Apartamento (Grand Appartement), o lugar clássico no luminoso e alegre Estilo Regência, o qual pressagiou o futuro rococó . O Grande Apartamento, os mais íntimos Pequeno Apartamentos (Petits Appartements), e a sua galeria pintada com temas Virgilianos, foram todos eles demolidos, em 1784, para permitir a instalação do Teatro Francês (Théâtre-Français), atualmente a “Comédie Française”. O Palácio Brion, era um pavilhão erguido ao longo da Rue Rochelieu, no lado oeste do Palácio Real, que foi comprado por Luís XIV aos herdeiros de Richilieu e foi o local onde instalou a amante Louise de la Vallière .

Molière 
O bisneto do Regente, Louis Philippe II, Duque de Orléans, abriu os jardins do Palais Royal a todos os parisienses. Ao longo das galerias permaneciam as damas da noite e nos segundos andares, estavam alojados casinos de jogo. A polícia não tinha o direito de penetrar nele pois era considerado domínio principesco. O Palácio era um lugar marcado pela liberdade de conduta abrigando assim círculos de jogos e casas para o prazer. Existia um teatro em cada extremo das galerias e o maior foi a sede da Comédia Francesa, a companhia de teatro estatal, a partir do reinado de Napoleão Bonaparte. O primeiro de todos os teatros existentes no palácio foi originalmente construído por Lemercier para o Cardeal Richilieu e sob a regência de Luís XIV, o teatro acolheu peças de Molière, desde 1660 até à morte do dramaturgo em 1673.
  
Neste Palácio , um jovem agitador em 1789, Camille Desmoulins convoca a multidão às armas e com as folhas das árvores de castanha do jardim, fez os primeiros  emblemas que os parisienses içaram em sinal de esperança. Dois dias depois houve a tomada da Bastilha. O Palácio Real torna-se desta forma, o Palácio da Igualdade e o seu jardim, o da Revolução. Ele permanece como um grande foco de agitação parisiense até 1974.

Foi igualmente do Palais Royal que partiu no dia 5 de outubro de 1789, a delegação que se rebelou contra os Reis. Nesse dia, vários milhares de mulheres andaram em direção ao Castelo de Versailles. No dia seguinte, guardaram a família Real no Palácio das Tulherias  sob forte escolta. 

Restaurante Grand Véfour
Durante o Consulado e o Império, o Palácio esteve sempre em voga e sua reputação não parava de crescer. Nesta época, existiam 15 restaurantes (o histórico restaurante "Le Grand Vefour" ainda se mantém no mesmo lugar), 29 cafés, 17 salas de bilhar, 24 joalheiros, mais os relojoeiros, livrarias, os peruqueiros, entre outros... Isto tudo sem falar do comércio de “galanteria” realizado pelas demoiselles du Palais Royal que atraiam uma clientela internacional...  

O Palácio é vítima da Revolução que que derrubou Louis-Philippe. Ele é pilhado, os quadros queimados ou rasgados, os móveis e objetos de arte jogados pelas janelas...  Quando voltou ao domínio do Estado, tornou-se Palácio Nacional. Luís Bonaparte (Imperador Napoleão III), colocou-o à disposição do último irmão de Napoleão Bonaparte que ficou nele (8 anos) até a morte. O filho de Louis-Philippe habitou nele também e, em oposição ao seu pai, recebia a sociedade liberal da época. O ministério das Colonias ocupa uma das alas. Os trabalhos da avenida da Opéra com o prefeito Haussmann, remodela a praça do teatro (atual praça Colette) e a Comédia Francesa adquire a aparência atual.

Em maio de 1871 a Comuna dá ordens de incediar o Palácio Real, mas o fogo foi controlado e as fachadas imediatamente restauradas. O Conselho de Estado é realocado definitivamente e a Corte de Contas, provisoriamente.

Colette
Personagens ilustres que fazem parte da história cultural francesa têm uma íntima ligação com o Palácio: a famosa escritora Colette passou uma boa parte da vida dela no Palácio Real, no n° 9 da rua de Beaujolais (há uma placa diante da edifício).  O ator Jean Marais e o célebre romancista, poeta, dramaturgo e escritor, Jean Cocteau viveram no n° 36 da  rua de Montpensier.

Atualmente o Palácio Real acolhe várias instituições de primeira importância e além do Conselho de Estado, abriga o Tribunal Constitucional e o Ministério da Cultura.

Uma testemunha de muitos dos fatos aqui narrados é o Grand Véfour. Originariamente Café de Chartres aberto em 1789, tornou-se após a Revolução Francesa, um restaurante. Em 1820, Jean Véfour o transforma e faz dele um local da moda, frequentado por grandes personalidades parisienses e local de excelente gastronomia. A família Taittinger o adquire em 1983 e faz com que se torne novamente um local de encontros mundanos.  No mesmo ano, um atentado, até hoje não elucidado,  com uma grenada, feriu uma dúzia de pessoas (que após criaram a associação SOS Atentados). O Restaurante Véfour foi restaurado com uma decoração do Segundo Império e com o chefe Guy Marin, ganhou 3 estrelas (perdidas em 2008) no Guia Michelin. 

Galeria des Proues
A praça é hoje o símbolo do “Palais Royal”, pela instalação artística em 1980 de um conjunto de colunas listadas (de Daniel Buren), que criou na altura bastante polémica, hoje aparententemente esquecida. Muitos turistas vêm aqui só para tirar as habituais fotos de equilibrismo e para isso, precisam atravessar a Galerie des Proues, isto é, o corredor abrigado e formado por colunas clássicas que forma o primeiro piso do palácio. Estas arcadas possuem hoje lojas de arte e restaurantes finos...

Vamos mergulhar na história de Paris que no revela o Palácio Real ?

... e qualquer dúvida, entre em contato comigo pelo e-mail celiapprato@gmail.com

terça-feira, 18 de dezembro de 2012


Em busca de revelações...

Praça das Vitórias (Place des Victoires)

O nome da praça sugere muita coisa… Me vem à cabeça a idéia de conquista, triunfo, ganhar de alguém, êxito e vantagem... Por que foi assim denominada?  O que ela representa na história da capital ? Quando começou a fazer parte do microcosmo que é Paris ? ... E neste largo espaço descoberto para onde convergem várias ruas, afluem também meus pensamentos e deixo-me levar pelas sensações que este lugar me revela...

Estive na praça das Vitórias pela primeira vez há tanto tempo... Era um dia lindo de verão e ela com sua fidalguia pegou-me desprevinida... Estava meio perdida na cidade e a encontrei... São lembranças que nem o tempo consegue apagar… Depois descobri que sua história está intrinsicamente ligada à vida de Luís XIV…

Como ela surgiu ? Nasceu da vontade e respeito do duque de Feuillade, marques e marechal da França que queria honrar o  rei Sol... Apareceu portanto do desejo de reverenciar alguém...Testemunha de séculos de fatos implicados na evolução da capital... Ela é o primeiro modelo de uma praça circular na história do urbanismo clássico francês !

Concebida como um espaço ao ar livre, quando foi criada, destinava-se a destacar a estátua de um rei, cujas proporções determinaram a sua área. Para que tivesse efeito, as ruas que para ela convergiam nunca deveria ser no prolongamento de outra, de modo que a imagem de Rei separava as fachadas. 

Foi consagrada e inaugurada em 1686. Para que a obra fosse completa, em seu meio surgiu uma estátua do rei de pé sobre um pedestal de mármore branco, vestida com as roupas de sua coroação, atropelando um Cérbero.  Atrás do rei, a Vitória, com um pé sobre um globo e outro no ar, tendo numa mão uma coroa de louros sobre a cabeça do herói e na outra, um ramo de folhas de palmeiras e oliva. No rodapé e sob os pés do rei, uma inscrição em letras de ouro que diz: “ Viro imortal” (me torno imortal).  

Esta primeira estátua real foi derrubada e destruída após a revolução de 10 de agosto de 1792 e substituída por uma pirâmide de madeira. Depois, foi trocada por uma outra e finalmente, foi instalada definitivamente na praça uma estátua equestre, encomendada por Luís XVIII, representando o rei Sol vestido de imperador romano à cavalo.

 A praça circular com cerca de 80 m de diâmetro foi construída segundo os desenhos de Jules Hardouin Mansard. Os edifícios da mesma simetria são decorados com pilastras iônicas. As seis ruas que convergem em direção à praça parecem torná-la mais ampla e assim, dão a impressão de que existe mais espaço. As seis ruas são: rua de la Feuillade, rua Vide Gousset, rua d'Aboukir, rua  Étienne Marcel, rua Croix des Petits Champs e rua Catinat.

Hoje, a praça das Vitórias (”place des Victoires”), tornou-se o lugar predileto de boutiques de alta-costura. Mesmo quando o tráfego está intenso em toda a cidade, ela é sempre tranquila. A praça é um daqueles cantos pouco modificados pelo tempo  
       .
Situada no limite do 1º arrondissement, ela tinha a exclusiva intenção de enquadrar urbanisticamente uma estátua de Luís XIV. Para isso foram construídas mansões suntuosas em formas curvadas e definidas seis ruas organizadas de forma irregular, provavelmente para evitar que a estátua pudesse ser vista pelas costas. O seu caráter luxuoso vem das empresas renomadas de moda e em suas ruas estreitas os residentes foram obrigados a construirem suas casas numa mesma simetria.

O solo do local é tombado como monumento histórico em 1962. As mansões que dão para a praça estão todas listadas ou registradas também como tal. A Praça foi cenário também de filmes, como por exemplo, o de Nobuhiro Suwa (realizador, cenarista e autor japonês), no filme“Paris, eu te amo” (uma história definida em uma viagem de sonho numa cidade emblemática - Paris, 2006).

Inicialmente lugar de residências, seus habitantes mais famosos foram o Marquês de Marigny, o benfeitor e financista Antoine Crozat, o riquíssimo Samuel Bernard, entre outros...  No entanto,  ela perdeu a sua  "elegância" em 1883, quando foi cavada a rua Etienne Marcel.   Próximo a ela, podemos descobrir a galeria coberta Vivienne, o Palácio Riche lieu, a praça da Bolsa, a  Biblioteca Nacional e a Galeria Vero-Dodat .

O belo complexo de edifícios, sob a forma de um anel de casas particulares para acomodar uma majestosa estátua do Rei triunfante continua intacto. As fachadas subsistiram conservando seu charme e elegância.

Uma praça tão linda e que parecia estar dormindo... Mas a Praça das Vitórias recuperou sua reputação como vitrine de moda parisiense . A área ao redor dela representa um bairro nobre. Estilistas da moda nela se localizam, como Apostrophe, Sprit, Kenzo, Zadig e Voltaire... Nela também estão situados o Fórum alemão para história da arte e o Instituto Nacional francês da história da arte.

Ela complementa um percurso de compras agradável. Além do Forum des Halles, no sul, a clientela da moda pode chegar lá pegando a rua Saint-Eustache,  rua do Jour ou a de Montmartre para chegar à rua Etienne-Marcel que possui em cada extremidade a Praça des Victoires e a rua Montorgueil . Decididamente, o centro da capital possui a moda “em sua pele” (dans sa peau). 

E continuo a sonhar e a tentar descobrir os segredos que a cidade nos revela... E penso na realização de nossos projetos... Vou mais longe e reflito sobre as nossas  conquistas... Considero os percursos feitos... E vejo como é importante também sonhar... E quando o fazemos, é essencial que acreditemos neles...Tudo são conquistas... Sei o quanto é fundamental para nossas vidas continuar a sonhar, como sei também que sonhos sem riscos não produzem as reais conquistas...

Vamos continuar juntos em nossos  passeios buscando o que nos revela a bela dama que é Paris ? A magia da cidade enfeitiça e nos envolve mostrando seus segredos a quem a procura !


 E, se necessário, podemos conversar no celiapprato@gmail.com




quarta-feira, 28 de novembro de 2012


Paris se revelando...

Quando percorro Paris e me deparo com o que ela possui, me surpreendo a imaginar como era a vida das pessoas em épocas diferentes...Sempre penso muito nos passos que foram dados pelos que viveram nestes lugares... Quantos sonhos, alegrias, temores, tristezas e acontecimentos fantásticos fazem parte das situações vividas no passado...Quais as posturas que adotaram face às diferentes situações... São inúmeras as indagações que faço... E a cidade vai se denunciando e cada vez mais descubro fatos correlacionados aos lugares...A capital em si é inexaurível e a França, um país inesgotável pela arte, história e cultura...

E vou tentando reconhecer o que Paris me revela... Assim, chego à praça Vendôme, que sempre provocou em mim sensações inigualáveis !  Eu, que sempre tive uma atração especial por tudo que fez Luís XIV, me encontro agora num lugar sobre o qual ele pensou, refletiu, elaborou...  Eu que estudei tanto Napoleão Bonaparte quando adolescente e aprendi mais ainda aqui na França, teço  conjeturas sobre tudo que construíu quando vejo a coluna da praça...  Me vejo imaginando os sentimentos de Chopin aqui neste local que foi testemunha de seu último suspiro...No n° 26, ocupado pelo joalheiro Bucheron, penso em tudo que viveu aí a  bela Castiglione, (conhecida também como a “louca da praça”) e que no final de sua vida viveu na solidão (durante o dia, na maior parte do tempo ficava na cama com lençóis de seda preta e saía de casa somente à noite vestida também de preto).

Aqui me deparo com o Ritz, o primeiro hotel cinco estrelas da história, com seus 175 quartos e refúgio de grandes nomes como Marcel Proust e Coco Chanel... Finalmente, sonho com Lady Diana, o mais recente personagem, que saiu da praça e desapareceu do mundo... Este local é carregado de estórias e de histórias !

A sublime praça Vendôme de forma octogonal...Típica do urbanismo clássico francês... Monumento histórico que reflete a aristocracia... Uma das mais bonitas da cidade e considerada como uma das mais luxuosas do mundo... Este esplendor que faz até hoje muitas pessoas perderem a cabeça... A própria realeza perdeu-se nesta pompa, esplendor, melindres e extravagâncias... Sinônimo de opulência, ostentação e caprichos !

Ela encontra-se no 1° Arrondissement, à leste da Igreja da Madalena, ao norte o Jardim das Tulherias, é ponto de início da rua da Paz (rue de la Paix) e está bem próxima da Opéra Garnier. Falando em associação, o bairro que abriga a praça foi sempre ligado à Luís XIV e o meio financeiro, assim como o nome de Henrique IV  vem junto à Ponte Nova e o povo francês.

No ano de 1685, o rei comprou o solar do Hôtel de Vendôme ao arruinado duque de Vendôme com a  intenção de posteriormente, fazer uma praça para a biblioteca real e as academias. Os problemas financeiros o obrigaram a mudar seus planos e foi elaborado um novo traçado em 1698. 

O rei Sol queria um espaço suntuoso, grandioso e magnífico para celebrar os grandes eventos reais e confiou à Jules Hardouin-Mansart o traçado desta praça que o arquiteto concebeu em 1699.

A praça chamou-se “Luís o Grande” até a Revolução Francesa  e foi inaugurada em 1699 com uma magnífica festa , quando recebeu a estátua de Luís XIV  à cavalo, vestido de imperador romano) feita por François Girardon. Na Revolução Francesa a derrubaram e o nome da praça foi modificado. Passou a chamar-se praça de “Piques” (espadas, lanças). Quando Napoleão Bonaparte chegou ao poder, derreteu os canhões austríacos da batalha de Austerlitz e escolheu o mesmo lugar para construir a coluna (inspirada na de Trajano situada no forum de Roma), onde colocou em seu pico uma estátua de bronze com ele vestido de imperador romano.  Ela é toda em relevos onde conta cenas da batalha que foi vencedor em 1805. A Restauração (1815-1848), plantou sua bandeira branca depois de retirar a efígie de Napoleão. A Monarquia de Julho (1830-1848) assentou sua bandeira tricolor.  As tropas de Napoleão III no segundo império (1851-1870), colocou uma cópia no mesmo lugar. Entretanto, sob a insurreição popular (a Comuna-1871), a praça “Internacional”  foi desfeita pelos revolucionários e Gustave Courbet, (grande artista e pintor cujos quadros estão expostos no Museu d’Orsay), que era na época o responsável pelos monumentos da cidade, foi preso e condenado a pagar a reconstrução do monumento. Enfim ela é restaurada e recolocada sobre seu pedestal pela III República. Hoje ela ainda domina a famosa praça do topo de seus 44 metros.  

A Praça Vendôme é um espaço quase totalmente fechado com as esquinas quebradas e tem apenas duas entradas que traçam o eixo central. Nascida da imaginação do rei Sol-Luís XIV, a praça é uma jóia e ao mesmo tempo o símbolo da monarquia absoluta. Numa época de espíritos estreitos, Paris é feita de ruas pequenas e de poucos espaços verdes abertos. A praça Vendôme constitue um espaço de liberdade onde se pode respirar como a praça da Grève (Hotel de Ville-atual praça da Prefeitura de Paris) e a praça Real (atual praça des Vosges). É considerada como local simbólico de acontecimentos importantes pois viu o desenrolar da revolução francesa, os golpes do Estado, a volta do poder real... . 

As paixões políticas desertaram e deram o lugar para as boutiques mais luxuosas de jóias. Qualquer joalheria famosa que passe na sua cabeça existe na Place Vendôme: Cartier, Bvlgari,  Chaumet, Bucellati, Boucheron…

Pequena, simples, limpa, sem árvores, ela possui a arquitetura homogênea dos prédios... O Hôtel de Bourvallais, n°13 da Place Vendôme, abriga o ministério da Justiça. Está cercado de "hôtels particuliers" (ou palacetes) cujas fachadas são tombadas como monumentos históricos.  Durante os anos 1980 a Vendôme ficou meio esquecida pois os milionários preferiam a avenida Montaigne. A construção nos anos 1990 da pirâmide do Museu do Louvre e a inauguração da loja Colette e do Hotel Costes permitiu à praça de reencontrar seu brilho. E a praça voltou a ser o grande lugar do encontro dos elegantes do mundo todo... Símbolo internacional do luxo e do sucesso...

Poucas são as pessoas que têm o privilégio de morar na praça.  Mais raros ainda são os proprietários que vivem durante todo o ano. O emir do Catar, Hamad bin Khalifa al-Thani, dono do Hotel d'Evreux no n°19, vem apenas uma ou duas vezes por ano. Outro luxuoso "pied-à-terre", é o magnífico hotel Coëtlogon de propriedade do sultão de Brunei, Hassanal Bolkiah.  Todavia, o maior proprietário na praça é anônimo: o fundo irlandês Sloane Capital, que possui paredes de algumas belas lojas e dezenas de milhares de metros quadrados de escritórios. Os aluguéis estão a altura deste lugar excepcional:  cerca de 1.200 euros por ano por metro quadrado. Isso não parece assustar nem o escritório de advocacia Clifford Chance, nem o Banco JP Morgan, que concordam em pagar um preço alto para obter o status conferido pelo endereço de prestígio.

O mais ilustre morador da praça, o cantor-compositor Henri Salvador (1917-2008), que nasceu na Guiana francesa e  morou no Brésil,  não vive mais aqui. Era na janela n°6, que ele encontrava sua inspiração. Dizem que antes de se fechar em seu estúdio de gravação instalado em seu apartamento ia sempre antes à janela.  Costumava também almoçar no Ritz. Outro personagem, é o joalheiro Lorenz Baumer, estabelecido desde 1995 na praça Vendôme, que sucumbiu ao charme da praça assim que a viu.

Desde cedo da manhã e durante o dia inteiro, os turistas invadem este espaço com seus guias e exclamações admirativas. Enquanto isto, Mercedes , Ferraris e carros de luxo estacionam incessantemente diante o Ritz.  Quando este dia chega ao fim, os últimos ônibus turísticos deixam a praça...As joalherias  se fecham...O lugar torna-se quase silencioso...O show pode começar...Um feixe de luz desce suavemente até cair sobre a estátua imóvel de Napoleão vitorioso, de pé, na parte superior da coluna. .. A sombra da Imperador  depois volta-se para a frente do N°20 que é o hôtel de Parabère (palácio privado)... Contornos gradualmente se afirmam ... Em um jogo impressionante de luz, o vencedor da batalha de Austerlitz parece ter tomado posse do lugar... Antes de  ser perseguido  finalmente pela noite calada e escura... O Imperador desaparece... E a praça volta ao seu estado habitual...

Neste caleidoscópio de beleza e emoções, eu me encontro e sou feliz ! Quer vir dividir estes momentos comigo? Juntos, descobriremos o que nos revela Paris !


E, se necessário, podemos conversar no celiapprato@gmail.com

terça-feira, 20 de novembro de 2012


 Em busca do que revela Paris...


Quando há muito tempo conheci o 1° arrondissement de Paris, vi a concretização de um sonho... De repente, voltei ao tempo das aulas de francês, com as gravuras do rio Sena nas paredes da sala de aula... O que esta cidade tem revelado para mim, é uma surpresa a cada dia. Como é possível se ter tantas informações quando faço um só passeio? Bastou-me atravessar uma ponte, para me deparar com uma praça e um "square" que me revelam tantas coisas... Ecos de um passado ressoam em mim e certamente, irão também lhe provocar intensas sensações... Paris é eterna e mágica! Ela é brilhante! 

Vamos começar o nosso passeio de hoje? Provavelmente novas emoções vão surgir ao chegarmos à Ponte Nova (Pont Neuf em francês) que é a mais antiga das pontes que cruzam o rio Sena...

Foi assim denominada para se diferenciar das antigas pontes medievais que tinham casas de ambos os lados. Sua história remonta ao séc. XVI quando o rei Henrique III tomou a decisão de constru­í-la sobre quatro pilares a fim de permitir que as casas fossem erguidas (o que nunca aconteceu). Veio a guerra dos cem anos e as obras da ponte foram concluídas somente no séc. XVII, com Henrique IV que a inaugurou em 1607. Seu espaço nos revela as dimensões de uma ponte contemporrânea (1.40m de comprimento e 20.5m de largura)... Em sua história, um trágico acontecimento é a ela associado... 

No local que vemos hoje suas escadarias foi queimado o último Grão-Mestre dos Templários, Jacques de Molay. Incrível, não é mesmo? Ela foi a primeira ponte de pedra sem casas e com calçadas.  O Pont Neuf é um desafio ao próprio tempo...Quer maior prova do que seu nome que é o mesmo através dos séculos?

Conhecer Paris é um prazer inigualável! As surpresas aguardam somente o momento certo para aparecerem... No ponto em que a Ponte cruza a Île de la Cité, vemos a estátua equestre de Henrique IV, construida sob as ordens de Maria de Médicis, viúva do Rei no séc.XVII. Foi destruída sob a Revolução Francesa e reedificada no séc.XVIII (segundo o molde original que sobreviveu). Em 2005 a estátua foi restaurada e descobriram 4 caixinhas de ferro que foram depositadas pelo novo escultor (em 1818) sob a nova estátua. O que elas contêm? A história da vida de Henrique IV, um pergaminho do séc.XVII que descreve a encomenda da obra e a lista de pessoas que contribuíram para sua construção. 


No dia 25 de agosto de 1818 em plena comemoração de São Luís (nome de vários reis franceses) e do rei daquele momento, chamado Luís XVIII, sobre a Ponte Nova a população se comprime e se agita como em todos os dias de festa... Qual o evento? A estréia de uma estátua equestre monumental, em bronze, que representa Henrique IV! Como em todas as inaugurações, uma tribuna é erguida, o discurso está preparado, a distribuição de medalhas é feita, o  clima de festa está no ar, a massa se empolga... 

Na França, o rei Henrique IV é um mito. Ele é visto como o rei mais popular junto aos franceses! Realidade? O tempo nos dirá...  A ele associamos a tolerância religiosa. Dele é a frase « Paris vale bem uma missa », ele o protestante, quando teve que tornar-se católico para ser rei ;  ele que deu um término às sangrentas guerras de religião assinando em 1598 o Edito de Nantes que estabeleceu a liberdade de culto no país; ele que passando por um rei simples e próximo do povo, preocupou-se com a população e também com o desenvolvimento da agricultura e do bem estar de seus súditos: « não deve faltar galinha na panela do povo”. Na França, um país que cortou a cabeça da realeza, ele ainda goza de uma imagem muito popular. De toda maneira, os franceses gostam mais dele do que de  Luís XIV, « Luís o Grande », que até hoje é o símbolo da monarquia absoluta, tão oposta à cultura republicana implantada neste país. Além do mais, esta último revogou em 1685 o Edito de Nantes instaurado pelo seu avô!

A história fala também de sua paixão pelas mulheres  (Henrique IV foi chamado de “O Vert Galant” – o verde mulherengo) e seu comportamento levou o país à beira do caos... Seu gosto pelo poder alimentado por uma paixão sem limites...  Foi assassinado por Ravaillac e até hoje este é um fato misterioso... O rei é uma figura controvertida ...

E nossa caminhada continua...O que vamos descobrir ao lado da Ponte? A beleza que é a praça Dauphine com seu formato triangular... O que existe em seu centro? Um “square” com uma superfície de 2.665 m²!  Qual a sua origem? O próprio rei Henrique IV decidiu organizar a ponta oeste da cidade (Île de la Cité) entre o Palácio de la Cité  e a Ponte Nova. Foram construídas assim 32 casas idênticas  de pedra branca, tijolos e ardósia, no espírito da praça Real. Por que este nome? Ela foi batizada em honra ao futuro rei Luís XIII (le dauphin), mas durante 22 anos foi chamada de Thionville (1792-1814). Ela foi foi a segunda praça erguida pelo rei depois da praça de Vosges. E após tanto tempo, o que sobrou? Das casas iguais restaram duas que fazem ângulo com a Ponte. Todas as outras foram demolidas ou reconstruídas a partir do século XVIII...

O mudou na praça? A tranquilidade que ela transmite é a mesma de sempre... As sombras amigas oferecidas pelas castanheiras da Índia (árvore de origem balcânica introduzida na França no séc.XVII), é idêntica...  Se nos deixarmos levar pela sua magia, podemos sentar em seus bancos e imaginar que ao nosso lado estão falando baixinho na língua dos apaixonados, Simone Signoret e Yves Montand que moravam em uma das casas burguesas da praça... A praça nos acolhe com sua atmosfera parisiense através de seus cafés, restaurantes e inúmeras galerias de arte. Ela é especialmente romântica! ir no outono e tons

Paris não engana! Mágica e feiticeira, ela é realmente como imaginei desde que a conheci... De extremo encanto, altiva, aristocrática e digna...Uma beleza com seus mistérios e segredos... Ela nos torna insaciáveis... Quanto mais nos aprofundamos, mais a conhecemos... Neste exato momento, penso numa frase de Fernando Pessoa e imagino esta cidade enigmática e cheia de charme dizendo alto: “tenho em mim todos os sonhos do mundo”!


                                A magia que Paris nos revela, nos enfeitiça!

E, se necessário, podemos conversar no celiapprato@gmail.com 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012


Revelações de Paris...


Vamos agora fazer um passeio pelo “les Halles” que nos espera? Com certeza iremos compreender cada vez mais porque Paris é a cidade mais visitada do mundo!

A  eterna capital se  desnuda e como numa aula de anatomia, descobrimos seu ventre! O professor,  se apresenta como Emile Zola, fundador e  principal representante do movimento literário naturalista. Numa descrição detalhada e num minucioso relato de personagens e fatos, ele nos fornece uma visão baseada em acontecimentos históricos com pessoas e características realistas, que nos deixam com a sensação de que conhecemos àqueles que se apresentam em suas obras.

Em nosso caso, o conhecimento concerne o monumental mercado de Paris, “Les Halles” e os personagens são os vendedores de frutas, legumes, açougueiros, padeiros, floristas e todos que compõem este universo inqualificável da atmosfera do Halles de Paris ontem ... 

Paris não ganhou gratuitamente uma beleza natural e única como Veneza, nem uma natureza exuberante como a do Rio de Janeiro... Entretanto, ela é deslumbrante! Representa um conjunto arquitetônico inigualável com seus monumentos, ruas e avenidas, seu eterno charme, beleza e sua cultura... Como se sente um turista diante da parte do melhor que um ser humano foi capaz de construir e preservar?  Certamente ofuscado e admirado pela profusão de informações que diante dele se revela...Em cada esquina encontramos uma atração que comparamos a sua riqueza humana, representada pelo multiculturalismo das centenas de imigrantes e a da vaidade e requinte dos parisienses. Imperdível por si mesmo!

Nesta lição de Zola, testemunhamos a significação através do tempo do que é hoje a cidade onde vivo. Seu livro nos mostra a formação da consciência e a experiência dos lugares. Sentimos o “Halles” se revelando na linguagem escrita deste autor e, neste momento, somos capazes de ler no espaço que ele delimita, a riqueza de seu patrimônio e prestígio. A cidade aparece como ela é! Repleta de lugares onde se conservou um passado de prestígio testemunhado pelas  antigas pedras de seus monumentos e casas, onde  nos tornamos capazes de ver e de ler os acontecimentos que a tornaram célebre... Paris polariza o presente e o futuro, se mostra nas partes que nos descobre, como um lugar de onde saem as inovações e modas...

Hoje, percorrendo as ruas da capital, chegamos ao “les Halles”, onde eram negociados tecidos, comestiveis, cereais, vinhos, flores,...Localizado no  2° bairro administrativo de Paris, situa-se assim no 1° arrondissement (distrito) e a origem de seu nome vem do "Halle" (parte fixa e coberta do antigo mercado central de Paris), que era o centro do mercado de venda em atacado de produtos de alimenticios frescos.

Sua história remonta ao século XII, quando foi construído em uma zona pantanosa, no centro de Paris, mas que ficava extramuros naquela época ...Neste tempo, era como um “grande bazar” onde em cada local específico se vendia produtos têxteis, miudezas de todas as espécies, e outros... No século XVI,  Francisco 1° iniciou a fase (que durou 30 anos), da adequação dos prédios ao comércio... Em 1808, Napoleão Bonaparte se engaja na reorganização coerente do mercado e elabora regulamentos para a matança de animais, mas os problemas de higiene e circulação, persistem...Na metade deste mesmo século, no período das grandes transformações realizadas em Paris pelo arquiteto e prefeito Haussmann, durante o império de Napoleão III. Neste periodo, o arquiteto Victor Baltard apresenta seu projeto: a construção de doze  pavilhões com paredes de vidro, aço e colunas de ferro totalmente inovador. Estes eram compostos de dois grandes grupos, subdivididos em grupo de seis. 

Nos anos 1960, os pavilhões tornaram-se inadaptados à vida moderna. O espaço passou a ser muito limitado em relação à demanda de uma capital em expansão... A insalubridade decorrente das normas de higiene defasadas levou o Governo a tomar uma nova posição. A opção foi sua demolição!

O famoso mercado, onde a elite parisiense ia de madrugada, (após saídas noturnas),  tomar a renomada sopa “à l'oignon” (de cebolas) e se regalava comendo  escargots ou tripas num dos inúmeros restaurantes, acabou! O Mercado se foi... Em seu lugar, foi edificado um grande centro comercial, espaços destinados ao lazer, novas estações de metrô e um grande jardim. 

O ventre de Paris de Emile Zola mudou... Ele foi substituído pelo coração de Paris  com uma cidade subterrânea em 3 níveis : a maior estação de metrô do mundo, “Châtelet les Halles”, onde passam diariamente cerca de 800.000 pessoas, o mais frequentado shopping, "o Forum", com suas 23 salas de cinema, um jardim de 4 ha, uma rede de vias públicas essencialmente subterrâneas, ...

Nada substitui a saudade dos parisienses pelo antigo e célebre mercado! O que sobrou dele?  Dois dos pavilhões foram preservados: o que se destinava ao comércio de ovos e aves, foi desmontado e levado para Nogent-Sur-Marne (cidade da periferia da capital) onde abriga uma sala de espetáculos chamada “Pavillon Baltard”. O segundo, encontra-se na cidade de Yokohama no  Japão.

Agora, no século XXI, um novo concurso foi realizado visando a total reconstrução do bairro. As obras já começaram e a sua inauguração é prevista para 2013.


O projeto que vai dar uma roupa nova ao “les Halles”, se revela ambicioso com a expansão e melhoria deste monumento de urbanismo subterrâneo e tenciona tornar o local mais agradável a todos que o frequentam. Vão surgir mais lojas favorecendo o comércio, equipamentos culturais e o acesso às estações mais diversificado... As autoridades pretendem tornar o bairro mais acolhedor... Uma nova imagem da capital cada vez mais dinâmica!


E assim, continuamos a descobrir o que nos revela o 1° arrondissement desta fascinante cidade  onde moro que é Paris...


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